terça-feira, 29 de junho de 2010

Pensamentos Homicidas

Andei cerca de 30m aqui às voltas para postar qualquer coisa profunda, importante e pertinente. Não consegui, porque neste momento, na minha cabeça, o único pensamento é XANAX, XANAX, XANAX, XANAX, XANAX, XANAX, XANAX... AD INFINITUM....

A sério, há dias em que me apetece matar alguém...

sábado, 26 de junho de 2010

Recompensador e Desolador

O trabalho com crianças institucionalizadas pode ser ao mesmo tempo extremamente recompensador e desolador. Exige dos intervenientes uma inesgotável paciência, uma vida pessoal estável e uma boa saúde mental. A ausência de uma destas características desequilibrará a balança. A ausência de todas porá a qualidade dos serviços prestados em causa.

Por ser um trabalho que exige muito do ponto de vista emocional (e por vezes até físico), leva mais rapidamente ao cansaço e à desilusão profissional. Estas crianças não são como as crianças dos contos - os bons órfãos dos orfanatos. Muitas vezes são crianças difíceis, com um passado que lhes agarra o presente e põe em causa o futuro. Com psicopatologias e dificuldades de aprendizagem, com uma raiva acumulada que geralmente é exteriorizada de forma errada. Não entendem (obviamente) a razão porque foram retirados às famílias nem aceitam que, agora, são estes estranhos e estranhas que têm autoridade sobre eles.

E os técnicos e profissionais de acompanhamento vêm-se numa situação delicada. Porque não são pais nem mães destas crianças, não possuem a autoridade genética para impor regras e educar. E esta verdade é lhes recordada uma e outra vez por todos.

O maior problema acaba por ser o facto desta autoridade ser não só minada pelos próprios utentes e familiares, mas também pelas próprias entidades que aplicam as medidas de promoção e protecção. Que colocam as opiniões dos progenitores acima dos pareceres dos técnicos, que entram em pseudo jogos que têm como resultado final o enfraquecimento da autoridade das Equipas Técnicas. Ao fim e ao cabo, se calhar o problema é estrutural ou de base, com alicerces na própria Legislação, pouco pragmática e que persiste em pôr o vínculo biológico acima de tudo o resto. Mesmo do óbvio.

E a conclusão (se é que a há) é que tudo isto, no final da linha, acaba por ter um impacto negativo nas crianças e jovens que residem nos lares de acolhimento.

Mas se nos concentrarmos apenas nos aspectos negativos, ficaremos imobilizados pelo pessimismo. Assim, existem também coisas positivas. Mas estas ficam para um outro post, para uma altura em que eu consiga pensar de outra forma.